Dados do Monitor do Fogo, do MapBiomas, mostram aumento de 248% em relação mesmo mês do ano anterior; apesar da estação chuvosa, Amazônia foi o bioma que mais queimou
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
Mais de 1 milhão de hectares foram consumidos pelo fogo no Brasil ao longo do mês de
janeiro, segundo os mais recentes dados do Monitor do Fogo, plataforma do MapBiomas que monitora a extensão territorial afetada por queimadas. Em termos comparativos, é como se dez "Sergipes" tivessem sido queimados em um mês.
Enquanto janeiro de 2023 representou uma diminuição das queimadas em relação a 2022, o primeiro mês de 2024 trouxe um aumento de 248% em relação ao mesmo mês do ano passado. Foram 287 mil hectares queimados em janeiro de 2023 contra 1,03 milhão de hectares no mês passado. Desse total, 941 hectares (91%) ficam na Amazônia, que foi o bioma mais afetado pelo fogo no período, principalmente em decorrência das queimadas que afetam o extremo norte da região nesse período. Foi um aumento de 266% em relação ao mês anterior. O segundo bioma mais atingido foi o Pantanal, com 40.626 hectares.
Os três estados com maior área queimada em janeiro ficam na Amazônia: Roraima, com 413.170 hectares atingidos pelo fogo - um aumento de 250% em relação ao mesmo período em 2023; Pará, com 314.601 hectares queimados; e o Amazonas, com 95.356 hectares.
Roraima representou 40% do total queimado no país em janeiro; o Pará representou 30%. Formações campestres, pastagens e florestas foram os tipos de vegetação mais consumidos pelo fogo em todo o país. Enquanto em Roraima 95% da área queimada foi em formação campestre, no Pará 41% foi em floresta e 49% em pastagem.
Devido à sua localização próxima à Linha do Equador, Roraima apresenta características climáticas e geográficas singulares, que fazem com que o período de queimadas aconteça no início do ano, ao invés do meio para o final do ano, como em outras regiões da Amazônia. A estação seca geralmente se estende de dezembro a abril, enquanto a estação chuvosa vai de maio a novembro.
“É normal que a Amazônia lidere em disparada a área queimada no início do ano por conta da estação seca de Roraima acontecer justamente nesse período. Entretanto, esse ano teve o agravante da seca extrema, que retardou e diminuiu a quantidade de chuva, deixando a região ainda mais inflamável”, explica a Coordenadora do MapBiomas Fogo e Diretora de Ciência do IPAM, Ane Alencar.
Sobre o Monitor do Fogo: o Monitor do Fogo é o mapeamento mensal de cicatrizes de fogo para o Brasil, abrangendo o período a partir de 2019, e atualizados mensalmente. Baseado em mosaicos mensais de imagens multiespectrais do Sentinel 2 com resolução espacial de 10 metros e temporal de 5 dias. O Monitor de Fogo revela em tempo quase real a localização e extensão das áreas queimadas, facilitando assim a contabilidade da destruição decorrente do fogo. Acesse o Monitor do Fogo e o Boletim Mensal de Janeiro.
Sobre MapBiomas: iniciativa multi-institucional, que envolve universidades, ONGs e empresas de tecnologia, focada em monitorar as transformações na cobertura e no uso da terra no Brasil, para buscar a conservação e o manejo sustentável dos recursos naturais, como forma de combate às mudanças climáticas. Esta plataforma é hoje a mais completa, atualizada e detalhada base de dados espaciais de uso da terra em um país disponível no mundo. Todos os dados, mapas, métodos e códigos do MapBiomas são disponibilizados de forma pública e gratuita no site da iniciativa: mapbiomas.org.
Além disso, a rede MapBiomas ampliou-se para outros 13 países, como também gera outros produtos como MapBiomas Alerta, MapBiomas Fogo, MapBiomas Água e MapBiomas Solo.
Por AViV Comunicação
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