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Foto do escritorSolano Ferreira

Universidade de Passo Fundo inicia aulas da primeira turma do curso de Pedagogia Intercultural Indígena

A Universidade de Passo Fundo (UPF) deu início às aulas do curso de Pedagogia Intercultural Indígena. É a primeira instituição de ensino superior comunitária no Rio Grande do Sul a disponibilizar a graduação na área. O objetivo é formar professores e pedagogos para atuação nas redes públicas e comunitárias que ofertam educação escolar indígena, quilombola e do campo, educação especial inclusiva e educação bilíngue de surdos.


Nesta primeira turma, 30 indígenas, dos 16 aos 60 anos, serão beneficiados com bolsas para o curso de graduação, em formato presencial. Os estudantes são de comunidades de municípios como Muliterno, Gentil, Cacique Doble, Água Santa e Mato Castelhano. A formação será feita por professores indígenas e de disciplinas específicas e pensadas de forma a respeitar a identidade cultural e as atividades em suas comunidades. A proposta é desenvolvida pela UPF em parceria com o Ministério da Educação (MEC) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).


A coordenadora do curso, professora Elisa Mainardi, ressalta a interlocução com os povos indígenas como um diferencial da licenciatura, o que "envolve um modo diferenciado de compreender o mundo, a especificidade cultural, a língua, as crenças, essa relação diferenciada com a terra e com a natureza".


Atuação nas comunidades indígenas


A relação da UPF com as comunidades indígenas não é nova. No início dos anos 2000, a instituição promoveu o Vãfy — Curso Normal de Formação de Professores Indígenas Bilíngue Kaingang ou Guarani para os Anos Iniciais do Ensino Fundamental. Entre os alunos estava Dorvalino Kógjá Joaquim. O professor de Língua Caingangue e Valores Caingangue da educação infantil e do ensino fundamental na comunidade de Campo do Meio, em Gentil, agora retorna à sala de aula em busca de qualificação.


"Progredimos muito, pois antes ninguém chegava ao Ensino Fundamental e hoje estamos aqui buscando essa qualificação. Parei no tempo, não tenho vergonha de dizer, mas foi por causa dos recursos financeiros. Quando apareceu essa oportunidade do curso, quis participar. Estou com 60 anos, mas tenho a vontade de um menino de 18", brinca.


O pró-reitor Acadêmico, professor Edison Alencar Casagranda, destaca que a UPF tem uma tradição na pesquisa com as culturas indígenas. "Precisamos preparar as pessoas para que elas tenham condições de fomentar e preservar a própria cultura. Nada melhor do que esses movimentos, com a universidade próxima, respeitando e contribuindo para que a formação indígena possa ser cada vez mais qualificada", conclui.


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