Foto: GovBR
No coração das discussões da COP29, em Baku, no Azerbaijão, o Painel 18 trouxe ao centro o Sisteminha Comunidades, uma tecnologia social brasileira que está revolucionando a soberania alimentar, a resiliência climática e a economia local de comunidades indígenas, quilombolas, povos e comunidades tradicionais, além de agricultores familiares. A liderança do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) foi destacada no evento como essencial para levar o projeto a todo o país, beneficiando os territórios mais vulneráveis.
O painel, realizado nesta quinta-feira (14/11), reuniu representantes do MDA, da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da Itaipu Binacional, do Ministério da Igualdade Racial (MIR), além de lideranças indígenas, quilombolas e povos e comunidades tradicionais, para apresentar os avanços do projeto e as perspectivas de expansão.
Do combate à fome ao protagonismo comunitário
A presidenta da Funai, Joenia Wapichana, abriu o evento enfatizando o impacto social do Sisteminha. "Estamos apresentando uma solução prática para enfrentar crises climáticas e insegurança alimentar. É mais do que um projeto: é um modelo de dignidade para os povos que mais sofrem com essas crises", afirmou.
Já o Ministério do Desenvolvimento Agrário reforçou sua atuação na implementação do projeto em territórios quilombolas, indígenas e comunidades tradicionais por meio de sua Secretaria de Territórios e Sistemas Produtivos Quilombolas e Tradicionais (SETEC). "Este é um trabalho que estamos realizando com dedicação para garantir segurança alimentar, adaptação às mudanças climáticas e fortalecimento da agricultura familiar", destacou Carlos Ansarah, agrônomo e representante do MDA.
Criado pelo pesquisador Luiz Carlos Guilherme, da Embrapa, o Sisteminha promove a produção integrada e sustentável de alimentos em pequenos espaços, garantindo autonomia alimentar em comunidades de alta vulnerabilidade. "O Sisteminha não é apenas uma solução tecnológica; é uma ferramenta de transformação social. Ele une ciência e práticas sustentáveis para enfrentar os desafios mais urgentes das comunidades vulneráveis", afirmou Luiz Guilherme.
O projeto já beneficia indígenas em Roraima, Maranhão e Mato Grosso do Sul, além de quilombolas no semiárido nordestino.
Parcerias estratégicas impulsionadas pelo MDA
Os avanços do projeto foram possíveis graças a um amplo esforço articulado pelo MDA, que firmou parcerias com a Funai, Embrapa e outros órgãos. Carlos Ansarah destacou que o Termo de Execução Descentralizada (TED), coordenado pelo ministério, já está possibilitando a instalação de mil unidades do Sisteminha em comunidades tradicionais de todo o Brasil.
"A ação do MDA vai além de oferecer tecnologia; é sobre criar oportunidades reais para que as comunidades indígenas, quilombolas, povos e comunidades tradicionais possam produzir alimentos com dignidade e gerar renda de forma sustentável", explicou Ansarah.
Respostas locais para desafios globais
Com práticas sustentáveis e de baixo custo, o Sisteminha também foi apresentado como uma solução replicável para outras regiões do mundo que enfrentam insegurança alimentar. Segundo Ronaldo dos Santos, do Ministério da Igualdade Racial, a iniciativa está alinhada às políticas de gestão territorial e ambiental quilombola, além de fortalecer a luta contra as desigualdades históricas. "O Sisteminha é uma tecnologia social de defesa e fortalecimento dos territórios, especialmente para aqueles mais impactados pelas emergências climáticas", afirmou Ronaldo.
Milena Martins, liderança do Quilombo São Martins, no município de Paulistana, no estado do Piauí, complementou: "O Sisteminha trouxe uma nova perspectiva para a nossa comunidade. Agora podemos produzir mais alimentos e superar desafios históricos com autonomia e dignidade".
O MDA reforçou que a inclusão produtiva das comunidades é uma prioridade do governo federal, que aposta em projetos como o Sisteminha para transformar a realidade social e climática do país.
Próximos passos: o Brasil como líder global na COP30
O painel encerrou com um compromisso coletivo de expansão do projeto para novas comunidades e regiões, com a expectativa de apresentar resultados ainda mais expressivos na COP30. O MDA anunciou que sua meta é ampliar o impacto para além das mil unidades iniciais, transformando o Sisteminha em uma política pública de segurança alimentar e resiliência climática.
"A liderança do MDA é essencial para levar o Sisteminha ao próximo nível, unindo tradição, tecnologia e sustentabilidade. Estamos construindo um 'sistemão' de impacto global, com o Brasil como referência", concluiu Joenia Wapichana.
Comentários