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Serpentes evoluíram até três vezes mais rápido que lagartos, mostra estudo da Science

Um novo estudo realizado por biólogos da Universidade de Michigan, da Universidade de Brasília (UnB) e da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), entre outras instituições, sugere que um fenômeno conhecido como radiação adaptativa desencadeou a explosão evolutiva da diversidade de serpentes. Publicado nesta quinta (22) na revista “Science”, os dados mostram que as serpentes evoluíram até três vezes mais rápido que os lagartos, com grandes mudanças nas características associadas à alimentação, à locomoção e à percepção sensorial.

Foto: Acervo pesquisadores


serpentes
Espécie subaquática do Brasil, a sucuri é um exemplo da capacidade de adaptação ao ambiente desenvolvido pelas serpentes

Os pesquisadores examinaram mais de 60 mil espécies de serpentes e lagartos de museus de história natural, incluindo o Museu de Zoologia da Universidade de Michigan e a Coleção Herpetológica da UnB. Eles criaram a maior árvore genealógica desses animais, sequenciando genomas de quase mil espécies, e compilaram um vasto conjunto de dados sobre suas dietas, analisando conteúdos estomacais de espécies preservadas em museus. “As serpentes evoluíram mais rápido e melhor do que alguns outros grupos. Elas são versáteis e flexíveis e capazes de se especializar em presas que outros grupos não podem usar,” afirma Daniel Rabosky, autor sênior do estudo da Science.


Os pesquisadores utilizaram modelos matemáticos avançados para analisar os dados, investigar a evolução de lagartos e serpentes ao longo do tempo geológico e compreender a evolução de características, como a ausência de membros. Embora outros répteis tenham desenvolvido muitas características semelhantes, essa abordagem revelou que apenas as serpentes experimentaram este nível de diversificação explosiva.


Veja a sucuri, serpente semiaquática do Brasil, por exemplo. A sucuri, nome popular dado às serpentes do gênero Eunectes, pode ultrapassar os dez metros de comprimento e se alimenta de presas tão grandes, quanto uma capivara, o maior roedor vivente. “Com a cabeça pequena, mas um crânio flexível, a sucuri consegue engolir presas enormes,” explica Guarino Colli, co-autor do estudo, professor do Departamento de Zoologia da UnB. “Ela é um exemplo extremo dessa capacidade incrível de adaptação, e é um dos fatores responsáveis pelo sucesso evolutivo desse grupo.”


Em um extremo oposto, ainda no Brasil, está um grupo relativamente primitivo de serpentes, composto por espécies que vivem enterradas no solo. Bem pequenas, essas serpentes se parecem com minhocas, e se alimentam exclusivamente de cupins e formigas. “Quando a gente compara esses dois extremos, vê o quão diverso é o grupo de serpentes no Brasil”, afirma Colli. “Aí entendemos como esses animais conseguem sobreviver em ambientes tão contrastantes e evoluir rapidamente.”


Os autores do estudo da Science se referem a este evento na história evolutiva como uma singularidade macroevolutiva, vista como uma mudança repentina para uma engrenagem evolutiva superior. Os biólogos suspeitam que essas explosões aconteceram repetidamente ao longo da história da vida na Terra. No caso das serpentes, a singularidade começou com a aquisição quase simultânea de corpos alongados sem patas, sistemas avançados de detecção química e crânios flexíveis. Essas mudanças cruciais permitiram que as serpentes, como grupo, perseguissem uma gama ampla de tipos de presas, ao mesmo tempo que permitiram que espécies evoluíssem para uma especialização alimentar extrema.


Hoje existem serpentes que atacam com veneno letal, escavadores com focinho em forma de pá que caçam escorpiões do deserto, serpentes arbóreas delgadas chamadas ‘dormideiras’ que atacam caracóis e ovos de pererecas bem acima do solo, outras com cauda em remo, serpentes marinhas que sondam as fendas dos recifes em busca de ovas de peixes e enguias, e muito mais.


“Um dos nossos principais resultados é que as serpentes passaram por uma mudança profunda na ecologia alimentar que as separa completamente de outros répteis,” diz Rabosky. “Se existe um animal que pode ser comido, é provável que alguma serpente, em algum lugar, tenha desenvolvido a capacidade de comê-lo.”


Fonte: Agência Bori

 

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