Fotos: Jeferson Prado
Começou nesta semana no Pantanal de Mato Grosso o período proibitivo de uso do fogo em 2024, previsto anteriormente para 1º de julho. A antecipação ocorre em razão da estiagem severa prevista para os próximos meses, conforme monitoramento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). De acordo com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema-MT), somente será autorizado o uso do fogo para fins preventivos, como a queima prescrita realizada pela Reserva Particular do Patrimônio Natural, RPPN Sesc Pantanal, a primeira em unidades de conservação no Pantanal Norte a efetuar o procedimento.
"Somente serão autorizados fogos preventivos, com o objetivo de diminuir a propagação de grandes incêndios na região, com autorização e orientação do Corpo de Bombeiros e Secretaria de Meio Ambiente", informou a secretária de Estado de Meio Ambiente, Mauren Lazzaretti. Este é o caso da queima prescrita que faz parte do Plano de Manejo Integrado do Fogo (PMIF) da RPPN Sesc Pantanal, a maior do Brasil, localizada em Barão de Melgaço (MT). Referência em prevenção a incêndios no Pantanal, a Reserva começou no dia 14 de junho a executar a técnica comprovadamente eficaz em outros biomas brasileiros e em outros países. A queima já havia sido realizada na área em 2021, em caráter de pesquisa.
O processo consiste em aplicar chamas de baixa intensidade em áreas controladas, com vegetação mais adaptada ao fogo. Essa queima auxilia na redução de materiais secos com potencial para propagar o fogo, evitando incêndios de grandes proporções. A queima é feita em mosaico, com o objetivo de proteger os 108 mil hectares da RPPN. A estratégia serve como barreira para as linhas de fogo, comuns no Pantanal, e é uma das principais opções de prevenção, considerando as mudanças nos ciclos das águas registradas nos últimos anos.
De acordo com a gerente-geral do Sesc Pantanal, Cristina Cuiabália, o PMIF (que pode ser acessado no site www.sescpantanal.com.br), representa um importante avanço pela prevenção do Pantanal. "O objetivo é que ele seja aprimorado e apropriado por outras instituições que planejam adotar a abordagem de MIF. Assim, avançamos como um todo para o manejo mais adequado do bioma, considerando a ampla diversidade de uso e ocupação dos territórios pantaneiros", diz Cuiabália, destacando o pioneirismo do Polo Socioambiental Sesc Pantanal, iniciativa nacional do Sistema CNC-Sesc-Senac
Operação Pantanal 2024
O Governo de Mato Grosso lançou a Operação Pantanal 2024 de combate a incêndios no Pantanal no dia 17 de junho, sob coordenação da Sema-MT e Secretaria de Estado de Segurança Pública (SESP-MT). A abertura foi realizada no Parque Sesc Baía das Pedras, unidade do Polo Socioambiental Sesc Pantanal, localizada em Poconé (MT). Em 2020, o lugar foi utilizado como Posto de Comando da Operação Pantanal II. Naquele ano, 4 milhões de hectares do Pantanal foram afetados por incêndios florestais no bioma.
O Executivo Estadual também conduz o Comitê de Gestão do Fogo, responsável pelo planejamento de prevenção e combate a incêndios florestais no Estado. Além do Sesc Pantanal, também fazem parte do comitê: Sema-MT, Corpo de Bombeiros, Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Exército Brasileiro, Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e demais instituições públicas, empresas privadas, ONGs e entidades de classe.
Sala de Situação
Também no dia 14 de junho, o Governo Federal criou a Sala de Situação para ações de controle e prevenção do desmatamento e enfrentamento de incêndios e queimadas no Pantanal e na Amazônia. Diversas instituições compõem o grupo de trabalho, inclusive o Sesc Pantanal.
De acordo com a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, o país vive uma situação de agravamento dos problemas climáticos e a medida se baseia na lógica da gestão de risco, e não apenas do desastre. O intuito é enfrentar a estiagem que atinge os dois biomas de forma preventiva e permanente, já que a estiagem severa, a grande quantidade de matéria orgânica em combustão e a insuficiência das cotas de cheias nos rios da Amazônia e do Pantanal exigem planejamento antecipado.
"Nós estamos vivendo uma situação de agravamento dos problemas em função de uma combinação do El Niño com La Niña, e o fato de o Pantanal estar vivendo já uma estiagem severa e com escassez hídrica. Essa sala de situação não vai tratar apenas da questão dos incêndios, mas da seca", pontuou a ministra.
Pacto Interfederativo
O Governo de Mato Grosso firmou, ainda, no dia 5 de junho, um pacto interfederativo com o Governo Federal, Mato Grosso do Sul e Estados do Amazônia Legal para o combate aos incêndios florestais no Pantanal e na Amazônia. O objetivo é promover uma atuação coordenada e integrada para efetivar a prevenção, o controle e o manejo do fogo, de modo a proteger essas regiões de significativa importância ecológica, econômica e social.
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