A diretora executiva de downstream do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), Valéria Lima, defendeu a aprovação em curto prazo do projeto de lei do Combustível do Futuro no Senado, que tem potencial para abrir espaço para novas rotas tecnológicas na produção de biocombustíveis e acelerar a descarbonização da matriz de transporte do país.
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“Consideramos que deve ser analisado e aprovado antes do recesso parlamentar, porque é um marco muito importante para promover a redução da intensidade de carbono nos veículos e combustíveis”, destacou Lima.
Para ela, a transição energética ocorrerá em condições diferentes em cada região. Investimentos robustos, cadeias logísticas organizadas e rotas alinhadas às tecnologias verdes são fatores que devem ser levados em consideração para este processo, segundo a executiva. “O setor de transportes, especialmente no segmento de veículos pesados, não tem uma tecnologia [de descarbonização] vencedora neste momento. Este segmento responde por 19% da geração de emissões e 31% do consumo de combustíveis fósseis na cadeia de energia.”
Novas rotas tecnológicas
Rodrigo Herve Quaranta, coordenador de Assuntos Regulatórios em Biocombustíveis da Petrobras, considera importante ter um arcabouço regulatório abrangente para diferentes rotas tecnológicas, considerando produtos coprocessados em refinarias de petróleo para descarbonização. “Precisamos ter incentivos para combustíveis avançados, como vemos, por exemplo, nos Estados Unidos, Alemanha, Indonésia”, analisa.
A Petrobras desenvolve um programa de biorefino de US$ 1,5 bilhão para a construção de plantas de HVO (biocombustível coprocessado em refinarias de petróleo) e SAF (sigla em inglês para Sustainable Aviation Fuel) – usado na aviação.
Já Luciano Correa, Gerente de Relações Externas e Mercado de Combustíveis e Energia da Raízen, afirma que a empresa está investindo em R$ 24 bilhões em etanol de segunda geração para ser exportado e direcionado para produção de SAF. “Precisamos de um mosaico de soluções para a transição energética”, avalia.
Rafael Luchini Alves Costa, Gerente Executivo de Relações Institucionais e Governamentais do Grupo Ultra, concorda que não há uma solução única para substituir o consumo de combustíveis fósseis. “Isso não ocorrerá no curto prazo. Não há como descartar a produção de petróleo de forma imediata. Além disso, defendemos novas rotas para a produção de biocombustíveis”.
Novas tecnologias e regulação
Assim como nas novas rotas de biocombustível, Daniel Maia, diretor da ANP, destacou a necessidade de avançar no Congresso os marcos legais de hidrogênio verde, geração eólica offshore e do mercado de carbono para o país ter competitividade no cenário global, durante o painel “O papel do órgão regulador em prol da sustentabilidade, competividade e atração de investimentos no Brasil”.
Tabita Loureiro, diretora técnica e presidente interina da PPSA, reforçou, por sua vez, que não existe competitividade sem previsibilidade jurídica por parte do órgão regulador. “O investidor precisa ter normas claras para realizar aportes no país. O Brasil está competindo globalmente neste segmento de soluções de baixo carbono. Não há como competir com os 80% de subsídios da Noruega e mais de US$ 300 bilhões de incentivos dos Estados Unidos. Por isso, precisamos ter regras fortes e órgão regulador eficiente”, analisa.
Claudia Rabello, Diretora Executiva Corporativa do IBP, destacou a importância do setor de petróleo durante a atual fase de transição energética, que deve ser justa e inclusiva e de logo prazo.
Setor de óleo e gás e seus compromissos com redução de emissões
No encerramento do primeiro dia do ESG Energia e Negócios, nesta segunda-feira (27), o debate girou em torno dos desafios do cumprimento das metas dos acordos climáticos, no contexto da COP 28 e do Acordo de Paris e papel do setor de óleo e gás nesse processo.
Thad Segal, Diretor Sênior Global de Transição Energética da ExxonMobil, destacou que as empresas de óleo e gás buscam cada vez mais projetos renováveis e de redução de emissões, como CCUS e hidrogênio.
Viviana Coelho, Gerente Executiva de Mudança do Clima da Petrobras, disse que a empresa busca novos negócios para se posicionar em renováveis e já reduziu 40% a sua emissão absoluta.
Felipe Salgado, Diretor de Descarbonização da KPMG, chamou a atenção para a importância da redução também das emissões de metano, gás de efeito das mudanças climáticas. Já Roberto Schaeffer, professor do CENERGIA/COPPE/UFRJ, disse que o setor de óleo e gás precisa pensar oportunidades de negócios de energia para gerar a emissão negativa.
Diversidade
Na abertura do segundo dia do evento, Clarice Coppetti, Diretora Executiva de Assuntos Corporativos da Petrobras, destacou outros aspectos da agenda ESG: os esforços da empresa na implementação de políticas de diversidade e igualdade. A executiva apresentou metas da companhia de aumentar participação de mulheres e de pessoas negras e pardas para 25% da força de trabalho. “É importante destacar que é uma jornada. Nessa agenda não podemos pegar atalhos, todos que trabalham com ESG nas empresas sabem disso”, enfatizou a diretora da Petrobras.
Organizado pelo Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), o ESG Energia e Negócios é patrocinado pela Petrobras, Equinor, ExxonMobil, Ipiranga, RepsolSinopec, Shell, Transpetro, Karoon Energy, Naturgy, OceanPact, Ocyan, SLB One Subsea, Shape e Subsea7.
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