A Amazônia concentra 43% do rebanho bovino do Brasil, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e, atualmente, a criação de gado é o principal motor do desmatamento.
Foto: Freepik
A partir desta quarta-feira, 22, os maiores varejistas do Brasil começam a ser avaliados na primeira fase da Pesquisa Radar Verde 2024, indicador público de transparência e controle da cadeia de produção e comercialização de carne bovina no país. O objetivo é identificar o quanto os supermercados controlam a cadeia de fornecedores e conseguem aplicar políticas contra o desmatamento da Amazônia.
Este ano, os pesquisadores mapearam 67 supermercados, com base no ranking de faturamento de 2023 da Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS). "Consideramos até três das principais redes regionais em cada estado da Amazônia Legal, excluindo aquelas já listadas entre as 50 maiores do país. Três empresas regionais já estão na lista nacional. Assim, adicionamos 17 das maiores empresas regionais", explica Débora Bianca Moreira, que atua na pesquisa e desenvolvimento do Radar Verde.
Os pesquisadores do Radar Verde desenvolveram indicadores que buscam demonstrar a existência, a efetividade e a transparência de políticas empresariais do setor da cadeia da carne contra o desmatamento. A pesquisa é baseada nos dados públicos disponibilizados pelas empresas em seus sites e nas respostas diretas ao questionário da pesquisa. Estes dois componentes são combinados para fornecer a pontuação de cada empresa avaliada. Os supermercados têm 30 dias a partir do envio dos questionários para responderem às perguntas e apresentarem comprovações.
"O Radar Verde avalia o grau de controle que os varejistas demonstram, através de suas políticas ambientais, e que requerem dos frigoríficos ou abatedouros sobre a origem do gado com relação aos fornecedores diretos e indiretos, de modo a evitar compras associadas ao desmatamento. A avaliação é baseada na verificação de dados públicos das empresas, publicados nos sites institucionais; e, de forma complementar, por meio das respostas ao questionário enviado aos varejistas e da apresentação de evidências", explica Alexandre Mansur, diretor de projetos do Instituto O Mundo Que Queremos.
A pesquisa feita em 2023 revelou que 95% dos maiores varejistas do Brasil e 92% dos frigoríficos localizados na Amazônia Legal possuem controle muito baixo da cadeia pecuária. O frigorífico Marfrig e o varejista Grupo Pão de Açúcar (GPA) foram os únicos que demonstraram ter controle intermediário da cadeia, conforme a classe de pontuação utilizada pelo Radar Verde.
A Amazônia concentra 43% do rebanho bovino do Brasil, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e, atualmente, a criação de gado é o principal motor do desmatamento nos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e Maranhão. Cerca de 90% da área total desmatada na região está coberta por pastos e mais de 90% dos desmatamentos novos são ilegais.
Radar Verde
Criado em 2022, o Radar Verde é um indicador público e independente de transparência e controle da cadeia de produção e comercialização de carne bovina no Brasil, que busca dar visibilidade aos frigoríficos e supermercados comprometidos com a redução do desmatamento na Amazônia Legal. O indicador avalia iniciativas de frigoríficos e supermercados, em todas as etapas de sua cadeia de fornecedores, que indiquem o grau de comprometimento com a garantia de que a carne bovina que compram e vendem não está relacionada ao desmatamento da Amazônia Legal. O índice classifica anualmente os frigoríficos e supermercados de acordo com o grau de controle e transparência sobre sua cadeia da carne.
O objetivo do Radar Verde é oferecer informações relevantes aos financiadores e setor financeiro, responsáveis pela concessão de crédito a estas empresas; e aos consumidores de carne bovina, para que possam tomar decisões sobre o consumo livre de desmatamento no processo de produção. O Radar Verde é uma realização do Instituto O Mundo Que Queremos (IOMQQ) e do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).
Comments