O peixe-leão, espécie invasora do mar brasileiro, está sendo capturado no país. Segundo os pesquisadores, o animal está se reproduzindo em Fernando de Noronha, onde o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) tem um programa de captura.
A invasão do peixe-leão é considerada uma das mais ameaçadoras do Atlântico pelos pesquisadores. Segundo o ICMBio, cerca de 600 animais, entre jovens e adultos, foram capturados em Fernando de Noronha desde 2020. O maior deles tinha 47 cm, o que é considerado grande.
"A gente começou a capturar peixes pequenos; depois foram aumentando de tamanho e de número de capturas: era um, depois dois. Agora, em alguns momentos, a gente chega a capturar 15 no mesmo lugar", disse Ricardo Araújo, da Coordenação de Pesquisa, Monitoramento e Manejo de exóticas do ICMBio em Fernando de Noronha, ao UOL.
Para ele, a espécia mostra que "chegou, se adaptou, já está se reproduzindo".
"Em Noronha, o ciclo está completo, mas isso não quer dizer que ele já chegou ao nível máximo. A gente não sabe qual será o número máximo até ele a população parar de crescer. Estamos fazendo o combate para tentar diminuir". diz Araújo.
Avanço pelo litoral
Segundo o pesquisador do PCR (Projeto Conservação Recifal), Luis Guilherme França, o peixe-leão está se expandindo pelo litoral brasileiro.
"Hoje em dia ele já tem registros da região Norte até Alagoas. Isso preocupa porque pode causar impactos na diminuição das espécies locais", explica o pesquisador.
França explica que estudos realizados para acompanhar o peixe-leão revelam que ele está se alimentando dos mesmos peixes visados pela pesca artesanal. Isso pode reduzir a oferta de peixes e, consequentemente, afetar a renda dos pescadores.
"Precisamos de mais estudos e acompanhamento para termos detalhes. É necessário saber se a carne desse peixe-leão sendo infectado com algum parasita, com algum contaminante", diz França.
Ações de manejo
O ICMBio diz que tem realizado "estudos genéticos, em colaboração com diversas instituições de pesquisa e universidades", além de ações de manejo; capacitações para instrutores de mergulho; colaboração com grupos de pesquisa para entender a espécie e estudos de novas tecnologias pesqueiras para a captura do peixe-leão em áreas profundas.
Ainda, o Instituto tem a intenção de realizar um treinamento em Recife, em junho deste ano, para servidores de unidades de conservação marinhas, com o objetivo de preparação para lidar com o peixe-leão.
O Ibama afirma que a invasão é "tema complexo, que deve ser tratado por um conjunto de instituições conforme as competências de cada uma." O órgão adota as seguintes medidas de combate:
Criação, em 2022, de Grupo de Trabalho;
Edição de portaria que proíbe a importação de 5 espécies do gênero Pterois;
Proibição da importação desses animais para qualquer finalidade.
"A literatura científica aponta que o início de uma invasão biológica é o momento mais favorável para o estabelecimento de programas de detecção e controle. Quanto maior a população da espécie invasora em águas nacionais, que cresce em grande velocidade na ausência de predadores naturais, mais complexas e custosas são as medidas de enfrentamento", diz o Ibama ao UOL.
Fonte: Último Segundo com informações da coluna Carlos Madeiro, do UOL.
Comments