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Foto do escritorSolano Ferreira

Para cada R$ 1 investido em energia renovável, Governo Federal destina R$ 4,5 em subsídios a combustíveis fósseis

A sétima edição do monitoramento dos subsídios oferecidos pelo Governo Federal às fontes de energia revela que os incentivos direcionados à indústria do petróleo e gás continuam a superar os destinados a fontes renováveis. Segundo o Inesc (Instituto de Estudos Socioeconômicos), para cada R$ 1 investido em fontes renováveis, outros R$ 4,52 são destinados a subsidiar combustíveis fósseis.


No ano de 2023, a soma dos subsídios concedidos pelo Governo Federal às duas fontes alcançou R$ 99,81 bilhões – uma alta de 3,57% em relação ao ano anterior. Essa elevação foi impulsionada principalmente pelo aumento de R$ 3,82 bilhões (26,82%) nos subsídios às fontes renováveis. No entanto, os combustíveis fósseis ainda detêm a maior fatia dos benefícios – R$ 81,74 bilhões, correspondendo a 81,9% do total que deixou de entrar ou que saiu dos cofres públicos do País.


Considerando apenas os fósseis, houve uma pequena queda no valor dos subsídios ao consumo em 2023, de R$ 372 milhões (0,45%). No entanto, essa redução só ocorreu pelo retorno da cobrança de impostos como a Cide e o PIS/Cofins sobre a gasolina. Como o governo decidiu manter a isenção para o diesel, a chance de um alívio maior aos cofres públicos se perdeu.


Para fazer o monitoramento, o Inesc considerou todas as modalidades de subsídios, como gastos tributários, gastos diretos e outras renúncias, abrangendo tanto a dimensão do consumo quanto da produção de energia. A Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), um mecanismo que repassa parte dos subsídios diretamente aos consumidores por meio da tarifa de energia elétrica, também foi analisada.


Enquanto os incentivos ao consumo de combustíveis fósseis (isto é, aqueles que poderiam reduzir a conta da população) diminuíram, os destinados à produção (aqueles que incentivam as empresas a explorar mais petróleo e gás) apresentaram um aumento de R$ 5,55 bilhões, impulsionados principalmente pela elevação das renúncias associadas ao regime especial de tributação conhecido como Repetro. Esse comportamento contraditório entre produção e consumo contribuiu para estabilizar o valor total dos subsídios nesses dois últimos anos.


Energia renovável - Os subsídios às fontes renováveis de energia no Brasil, por sua vez, registraram um aumento de R$ 14,24 bilhões para R$ 18,06 bilhões, impulsionado pela ampliação das renúncias associadas a programas como o Proinfa, o Reidi e a geração distribuída.


Para Cássio Cardoso Carvalho, assessor político do Inesc, a expansão dos investimentos em geração de energia a partir de fontes renováveis é um sinal positivo. “Mas enquanto o Governo Federal não rever os valores dessa espécie de ‘Bolsa Petróleo’ para o setor, a transição energética segue prejudicada”, afirma. “Além disso, é preciso entender quem está arcando com os subsídios das renováveis, o estudo aponta que são os consumidores de energia elétrica, por meio da conta de luz, ao passo que a indústria de óleo e gás passa ilesa” questiona.


A assessora política Alessandra Cardoso, que assina o relatório ao lado de Cássio, lembra que o fim dos subsídios ineficientes aos fósseis é um desafio global inadiável, assumido na COP 28. “O que se espera do governo brasileiro é que reconheça o problema dos subsídios à produção como um problema doméstico, cuja solução passa pela reforma global. O Brasil precisa assumir essa agenda como parte do protagonismo que lhe cabe no cenário global do multilateralismo climático, especialmente, quando será sede da COP 30, tendo a Amazônia como palco”, acrescenta ela.


Para a assessora, o fim da queima de combustíveis fósseis, como principal causadora do aquecimento global, torna a busca por alternativas energéticas renováveis uma necessidade urgente. “Quanto maior a renúncia fiscal, menor a disponibilidade de recursos para investimentos em políticas públicas essenciais, como as de adaptação às mudanças climáticas”, conclui.


TABELAS


Visão geral dos subsídios às fontes fósseis e renováveis (2022 e 2023)

Tipos e fontes dos subsídios

2022

2023

Variação

Subsídios aos fósseis (produção)

36.352.683.960

41.904.575.205

15,27%

Subsídios aos fósseis (consumo)

45.761.984.879

39.837.660.144

-12,9%

Total

82.114.668.839

81.742.235.349

-0,45%

Subsídios às renováveis (produção)

12.059.653.967

15.928.139.615

32,07%

Subsídios às renováveis (consumo)

2.187.700.815

2.141.045.994

-2,1%

Total

14.247.354.783

18.069.185.609

26,82%

Total das duas fontes

96.362.023.622

99.811.420.959

3,57%

Fonte: elaboração própria (para consulta às fontes, confira a metodologia).

 


Brasil: renúncias associadas ao Repetro por tributo (2022 e 2023)

 

Anos

Valores em reais da suspensão do IPI (R$)

Valores em reais da suspensão do II (R$)

Valores em reais da suspensão do PIS (R$)

Valores em reais da suspensão da Cofins (R$)

Total do Repetro (R$)

2022

397.163.471,00

5.840.015.422,00

1.057.885.057,00

4.900.076.610,00

12.195.140.560,00

2023

459.284.178,00

8.836.962.593,00

1.651.952.240,00

7.644.022.046,00

18.592.221.057,00

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Fonte: Receita Federal do Brasil/Lei de Acesso à Informação (LAI).


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