Mulheres da Amazônia: a força que sustenta a floresta e transforma comunidades

LIRA/IPÊ amplia a presença feminina na governança da Amazônia e abre edital de R$ 150 mil para iniciativas comunitárias sustentáveis

foto: André+Carioba

Março é um mês para celebrar as conquistas femininas e reafirmar a importância da equidade de gênero. Na Amazônia, as mulheres fazem dessa luta uma transformação diária: protegem a floresta, lideram negócios sustentáveis, fortalecem suas comunidades e conquistam espaços de decisão que, historicamente, lhes foram negados. Onde há barreiras, elas enxergam caminhos e constroem oportunidades.

O LIRA/IPÊ – Legado Integrado da Região Amazônica, iniciativa do IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas, tem sido um dos grandes impulsionadores desse protagonismo. Sob a liderança de Fabiana Prado e Neluce Soares, o LIRA/IPÊ não apenas fortalece a atuação feminina em comunidades tradicionais, mas também se destaca como um exemplo de gestão feminina à frente de iniciativas socioambientais de grande impacto. Desde 2019, a iniciativa já beneficiou 52 mil pessoas, apoiou 50 projetos e contribuiu para a conservação de 58 milhões de hectares em 59 áreas protegidas.

Esse protagonismo se reflete tanto nos números quanto na experiência de quem participa da iniciativa. Para Beatriz Cardoso, da equipe LIRA, a presença feminina na liderança impulsiona a transformação. "Neluce e Fabiana são referências, não só pela atuação técnica, mas porque criam oportunidades para outras mulheres crescerem. Com elas, não há competição, há incentivo para que mais mulheres ocupem esses espaços”, afirma.

Hoje, 155 mulheres estão empregadas diretamente na execução dos projetos e na liderança de organizações apoiadas pelo LIRA/IPÊ. Outras 2.056 foram capacitadas em produção sustentável e gestão territorial, ampliando sua autonomia e abrindo caminhos para novas oportunidades. Além disso, 124 mulheres integram o grupo de 218 gestores públicos treinados para aprimorar a governança de áreas protegidas.

Mulheres que transformam territórios

O impacto dessas iniciativas pode ser visto em histórias como a da Associação dos Moradores da Comunidade do Jaramacaru e Região (ACAJÉ). Com o apoio do LIRA/IPÊ, as mulheres da ACAJÉ vêm desenvolvendo uma nova abordagem para a gestão de produtos florestais, ao mesmo tempo em que criam biojoias feitas de sementes, cascas de coco e penas. Mais do que geração de renda, essa atividade fortalece a autonomia feminina, valorizando conhecimentos ancestrais e promovendo o empreendedorismo local.

A transformação se reflete também na estrutura das comunidades. Para Marineusa, professora da APACSA - Associação de Produtores Agrícolas da Comunidade de Santo Antônio, o impacto do LIRA/IPÊ pode ser visto no dia a dia. "Com o apoio do LIRA, conseguimos construir nossa loja de artesanato, que hoje sustenta diversas famílias", diz.

A rede de mulheres conectadas pelo LIRA/IPÊ tem sido um pilar importante para fortalecer projetos e ampliar sua visibilidade. "A participação das mulheres nos projetos da Rede LIRA foi determinante. Essa conexão nos deu mais espaço e fortaleceu nosso trabalho”, destaca Alessandra, da Associação GAP EY, do Povo Indígena Suruí.

Para a coordenadora do LIRA/IPÊ, Neluce Soares, o crescimento da participação feminina na gestão socioambiental da Amazônia reflete uma mudança estrutural. "As mulheres sempre tiveram um papel fundamental na conservação da floresta, seja no uso sustentável dos recursos naturais ou na transmissão de saberes tradicionais. O que vemos agora é a ampliação desse protagonismo, com mais mulheres ocupando espaços de decisão e consolidando projetos que garantem segurança econômica às suas comunidades”, afirma.

Apoiar o fortalecimento dessas lideranças é essencial para garantir um futuro sustentável para a Amazônia, como reforça Fabiana Prado, gerente do LIRA/IPÊ. "Investir em projetos liderados por mulheres significa investir na resiliência da floresta e no fortalecimento das comunidades. Esse novo edital é um passo para ampliar esse impacto”, diz.

Novo edital fortalece a presença feminina na gestão ambientalNeste mês da mulher, o LIRA/IPÊ lança uma nova oportunidade para ampliar o protagonismo feminino na Amazônia. A Chamada Pública de Apoio a Projetos, aberta em março, destinará até R$ 150 mil por iniciativa para associações e cooperativas de base local, que representem povos indígenas, comunidades quilombolas e extrativistas.

O edital incentiva projetos liderados por mulheres e reconhece sua atuação essencial na conservação da floresta e na economia da sociobiodiversidade.As inscrições seguem abertas até 13 de abril de 2025, e detalhes sobre o processo seletivo podem ser acessados em lira.ipe.org.br. 

Sobre o LIRA

O LIRA - Legado Integrado da Região Amazônica é uma iniciativa integrativa que potencializa ações de conservação da Amazônia, através de três componentes: 1) Fundo LIRA que financia projetos socioambientais com povos e comunidades tradicionais; 2) Gestão do Conhecimento e Inovação; e 3) Políticas Públicas socioambientais. Articula uma rede de 125 organizações com atuação em 5 estados com bioma Amazônico, através da execução de 50 projetos em 59 áreas protegidas (terras indígenas e unidades de conservação) - promovendo conservação da biodiversidade, o bem viver de povos e comunidades tradicionais e resiliência climática.

Executor: IPÊ - Instituto de Pesquisas Ecológicas.

Parceiros Financiadores: Fundo Amazônia e Gordon and Betty Moore Foundation.

Parceiros Institucionais: Fundação Nacional do Índio (FUNAI), o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Secretaria Estadual do Meio Ambiente do Amazonas - SEMA-AM e o Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará – IDEFLOR-Bio. Link