Intercâmbio do MST e Consórcio Nordeste com técnicos da Universidade Agrícola da China traz tecnologia acessível para a mecanização de pequenas propriedades rurais no Brasil
Foto: Afonso Bezerra/Brasil de Fato
No período de 31 de janeiro a 2 fevereiro, o município de Mossoró, no rio Grande do Norte, recebeu demonstrações tecnológicas e de baixo custo para implementar a agricultura familiar, numa integração entre o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Consórcio Nordeste e a Universidade Agrícola da China. O governo chinês quer formalizar com o governo brasileiro condições de acesso para a chegada de equipamentos para mecanização de pequenas propriedades rurais.
O ato demonstrativo contou com 33 máquinas produzidas pela indústria chinesa, sendo que 11 equipamentos foram entregues ao MST para utilização e testagens de eficiência nos diferentes tipos de solos e sistemas produtivos. Esses testes acontecerão em assentamentos nos estados do Rio Grande do Norte, Ceará, Paraíba e Maranhão. Os pequenas e micros tratores são equipados para todo tipo de ação de campo como nivelamento de solo, gradeamento, escavação, perfuração, plantadeiras, colheitadeiras e transporte basculante.
Pelo acordo formalizado em 2022, a primeira ação seria esse ato demonstrativo com a chegada de máquinas para um período de testes, onde serão identificados quais itens dos equipamentos serão mais apropriados para a rotina de produção agrícola em solo brasileiro. Num primeiro momento, as máquinas serão importadas, mas a pretensão futura da China é instalar unidades de produção desses equipamentos aqui no Brasil.
Esses primeiros equipamentos foram doados pela China para o Consórcio Nordeste e entregues para a Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Norte e serão transferidas para pequenos agricultores fazerem a utilização em forma de testes.
Em vídeo divulgado na internet, José Pedro Stedile, da direção nacional do MST, destacou que a China possui amplo conhecimento prático com a mecanização agrícola de pequenas propriedades, o que eleva a produtividade e torna o cultivo mais competitivo. “A China tem cerca de 8 mil indústrias destinadas a produção de equipamentos para pequenas propriedades rurais, enquanto que no Brasil existem apenas quatro fábricas de tratores, multinacionais, e destinadas para a agricultura de grande porte”, enfatizou Stedile.
Para Alexandre Lima, do Consórcio Nordeste, essa parceria possibilitará tecnificação do setor rural, beneficiando diretamente a pequena propriedade rural nordestina que representa 50% da agricultura familiar no Brasil.
Com a utilização desses equipamentos e máquinas adaptáveis para a agricultura familiar, o objetivo é intensificar e qualificar a produção de alimentos saudáveis. No Brasil, a agricultura familiar é responsável por 70% dos alimentos consumidos, conforme levantamento do instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE/2023).
A parceria conta com apoio da Associação Internacional para a Cooperação Popular (AICP), da Universidade Agrícola da China, da Associação de Fabricantes de Máquinas Agrícolas e do governo federal, que oferece financiamento a partir do programa Mais Alimentos.
Na visão de Bárbara Loureiro, do setor de produção do MST, é preciso destacar o papel da agricultura camponesa no combate à fome. “Precisamos produzir alimentos saudáveis em larga escala e, para isto, é necessário que se enfrente o tema das inovações tecnológicas”, afirmou Loureiro.
Por Solano Ferreira | Mundo e Meio
Com informações do MST
Vídeo: Brasil de Fato
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