Brasília, 27 de fevereiro de 2025 – A Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) apresentou hoje uma carta ao embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30, com as principais demandas do movimento indígena para a conferência. Na carta, a maior organização indígena da Amazônia brasileira destaca que a crise climática já devasta seus territórios, e que uma governança climática legítima precisa reconhecer a liderança dos povos indígenas e garantir a proteção de seus territórios.

O documento foi apresentado durante reunião entre o presidente da COP30 e representantes do movimento indígena no Ministério das Relações Exteriores, em Brasília (DF), organizada pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib). Além da Coiab, participaram do encontro representantes do Podáali - Fundo Indígena da Amazônia Brasileira.
Entre as demandas apresentadas, está a cogestão da COP30 por meio de uma copresidência Indígena, garantindo que a Amazônia não seja apenas um cenário das discussões, mas o centro das negociações globais. A Coiab também exige um roteiro claro para a implementação da eliminação dos combustíveis fósseis, conforme acordado no Balanço Global da COP28, alertando que a Amazônia não sobreviverá à continuidade da exploração de petróleo e gás.
Além disso, a Coiab defende financiamento climático direto para fundos indígenas, argumentando que a crise climática é uma dívida histórica que os povos indígenas não criaram, mas estão pagando com a destruição de suas terras e culturas. A organização propõe ainda que os países incluam a demarcação e proteção dos territórios indígenas como política climática central em suas NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas), garantindo que a conservação das florestas seja reconhecida como solução essencial para o clima.
Por fim, a Coiab convoca uma Aliança Global pela Vida, pedindo que o governo brasileiro se una aos povos indígenas na exigência de um compromisso real das nações em cumprir suas promessas climáticas. "Se depender de nós, a Amazônia não será o palco do funeral da meta de 1,5°C", afirma a carta.
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