Uma horta comunitária, implantada na Brasilândia, zona Noroeste de São Paulo, tem servido de exemplo desde 2021 de como é possível combinar a adaptação climática, redução das desigualdades e ainda contribuir para a segurança alimentar da população local. Ali, em uma área de 1200 m2, ao lado da UBS Jardim Guarani, estão dispostas
árvores frutíferas, como manga e goiaba, vegetais verdes, a exemplo de almeirão roxo, ora-pro-nobis, peixinho e taioba, além de capuchinha.
O local, antes destino de lixo e de entulho, virou um exemplo de bom aproveitamento do solo urbano ao proporcionar o acesso a v nutricionalmente mais saudáveis. Assim, as pessoas não apenas aprendem a comer melhor, como consomem nutrientes essenciais para o seu organismo. Esses espaços atuam como novas fronteiras agrícolas para a produção de alimentos, reduzindo a emissão pelo transporte para as cidades e, em vários casos, também as emissões dos resíduos, pois possuem espaços de compostagem.
Além de fortalecer a segurança alimentar da população local, a horta urbana tem capacidade de melhorar a permeabilidade do solo das cidades. Consequentemente, ajuda a reduzir os impactos de enchentes e alagamentos nos grandes centros - desde que ocupe
áreas expressivas da cidade.
Outra função das hortas urbanas é mostrar que as cidades podem ser produtoras de alimentos e não só consumidoras, aproveitando espaços ociosos que, muitas vezes, viram depósito de entulho e lixo, juntam ratos e geram problemas de saúde pública. Essas hortas são um bom exemplo de que a ociosidade de terrenos públicos pode se tornar uma solução de inclusão e melhoria de qualidade de vida para a comunidade.
"Ao mostrar imagens de um terreno em que era feito descarte irregular de lixo e foi transformado em horta urbana, que fornece alimentos frescos e mais saudáveis, ajudamos a criar consciência ecológica e aproximamos essas crianças da cidade e da produção
da comida de verdade", diz Hilda Carolina, coordenadora da hora local.
Mais soluções, menos problemas
As hortas urbanas também podem ser espaços de resgate de saberes ancestrais ao priorizar o cultivo de ervas da fitoterapia, plantas alimentícias não convencionais ou mesmo usar técnicas de cultivo que vieram de outras regiões do país com os migrantes.
Em uma cidade como São Paulo, na qual as pessoas mal conhecem o seu vizinho, outra vantagem das hortas urbanas é a possibilidade de ser um espaço de inclusão e de empoderamento de mulheres. Ao estimular a convivência, as hortas fortalecem os laços comunitários e a criação de projetos como oficinas de capacitação de mulheres.
Nesses espaços, as pessoas estreitam laços com o entorno e com a comunidade, criando a sensação de pertencimento verdadeiro. "Além disso, são locais de encontro de gerações, com crianças, jovens, adultos e idosos convivendo em harmonia para pensar em como melhorar a sua comunidade." Tudo isso, porém, está em risco pela falta de uma política pública para hortas urbanas. Na grande maioria dos casos, sua existência decorre de acordos verbais entre a comunidade e algum representante da área ociosa. Como não há formas de estabelecer acordos formais, a insegurança jurídica é grande e o risco de despejo
é permanente.
A iniciativa das hortas urbanas na Brasilândia faz parte do Ecocidade - projeto do Instituto A Cidade Precisa de Você que nasceu em 2021, na Brasilândia, para promover a construção de resiliência sustentável da comunidade.
Por AVIV Comunicação
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