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GREVE dos servidores ambientais: Sem IBAMA e ICMBio, desmatamento na Amazônia aumenta e degradação dispara

  • Foto do escritor: Solano Ferreira
    Solano Ferreira
  • 19 de jul. de 2024
  • 3 min de leitura

Dados recentes publicados na plataforma Terra Brasilis demonstram dois fenômenos de grande importância no contexto ambiental: 

Foto: Divulgação/EB


O primeiro é o crescimento nos índices de desmatamento. No mês julho a tendência de estabilização se alterou e os primeiros 12 dias apresentam um incremento de 100% de aumento uma vez os alertas de desmatamento indicam que o acumulado neste período de 2024 é de 204,29 km2 somados em 1160 polígonos. Em 2023 no mesmo período o acompanhamento demonstrava 101,5 km2 em 601 alertas. 


A segunda constatação é a manutenção de tendência de uma verdadeira explosão da degradação florestal na Amazônia. Segundo o portal, foram registrados 10.543,2 km² de avisos de degradação em 2024 até o dia 05/07/2024. Quando se compara com o mesmo período no ano passado os dados são de 1.848,85 km², evidenciando um aumento de mais de 500%. 


Ambos os fenômenos coincidem com o período de mobilização e da greve do IBAMA e ICMBio, sendo que o desmatamento tem uma mudança de tendência exatamente ajustada com a greve em ambos os institutos.


Os servidores do meio ambiente estão em mobilização desde o início do ano, procedimento que impactou a presença das equipes em campo na Amazônia; assim como a greve, que foi iniciada em 24/06. 


Em ação judicial movida pelo Governo contra a greve dos servidores da carreira ambiental, a fiscalização não foi indicada como uma atividade essencial. Não há elementos factíveis que possam apontar a correlação entre o dado e o movimento dos trabalhadores, mas há histórico recente que aponta que quando a fiscalização é obstaculizada, as estatísticas de supressão de vegetação aumentam, como ocorreu no governo Bolsonaro.Assim, é plausível supor que a continuidade da greve pode levar a um aumento ainda maior nessas estatísticas.


Em adição, conforme os dados da plataforma, verifica-se que no ano de 2023, ano que a fiscalização atuou plenamente, sem as obstruções da gestão Bolsonaro e sem ter iniciado a mobilização pela reestruturação da carreira, houve uma redução em 49,85% do desmatamento (10.277,61 km² em 2022 para 5153,67 km² em 2023) e uma queda de 13,14% nos dados de degradação (18.012,95km² em 2022 para 15.645,53 km² em 2023). 

Em publicação feita no sítio do Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz (Link) temos as seguintes pontuações:

 

A degradação florestal é mais complexa que o próprio desmatamento e representa uma ameaça grave ao cumprimento das metas brasileiras para a manutenção da estabilidade climática, alerta o pesquisador da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), David Lapola. Camuflados por frágeis vegetações, distúrbios ambientais causados pelo homem avançam sobre a biodiversidade, longe do alcance das imagens de satélite e do monitoramento governamental. 


Lapola coordenou o estudo "The drivers and impacts of Amazon forest degradation", publicado na Science em 2023. Ele explica que, diferente do desmatamento, que faz com que a floresta deixe de existir e dê lugar a outras paisagens como o pasto, a degradação afeta os serviços ecossistêmicos da floresta de forma mais sutil e em prazo mais longo. Na prática, transforma a floresta por dentro, com a substituição de espécies tanto da flora, quanto da fauna. Árvores maiores dão lugar a árvores com estruturas menores, menos biomassa e menor capacidade de cumprir os serviços ecossistêmicos. 


No artigo "Zero deforestation and degradation in the Brazilian Amazon", publicado na Trends in Ecology & Evolution, a ecóloga e membra titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC) Ima Célia Guimarães Vieira e o geógrafo José Maria Cardoso da Silva lembram que "o principal objetivo do Brasil é o desmatamento e degradação zero (ZDD) na Amazônia", mas que as políticas para esse fim não consideram a heterogeneidade da região. 


Já o desmatamento é a remoção definitiva da floresta com as suas características originais, o que impacta o fluxo gênico, a proteção do solo, a ciclagem da água e o fluxo de nutrientes na paisagem nos locais atingidos. A remoção de florestas também causa modificações no comportamento das parcelas de ar associadas, alterando a sua temperatura e umidade, impactando as condições climáticas de forma imediata pela alteração da circulação de ar e das suas características e também o fazem a longo prazo, pela emissão de gases de efeito estufa. 


A situação reforça a necessidade urgente de fortalecimento dos órgãos ambientais e de um acordo com os servidores da carreira de meio ambiente, garantindo o retorno das atividades de fiscalização ambiental e o combate ao desmatamento ilegal da floresta amazônica.

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