O número de ocorrências de interrupções de energia causadas por queimadas ou incêndios vem crescendo nos últimos anos. Em 2023 foram registradas mais de 47 mil ocorrências emergenciais de incêndios que atingiram a rede de distribuição no Brasil, um aumento de 21% sobre os 38 mil casos registrados em 2022. Em 2019, essas ocorrências somaram 23 mil, ou seja, em quatro anos o número de casos mais do que dobrou. O levantamento foi feito pela Abradee a partir de dados da Agência Nacional de Energia Elétrica, a Aneel.
Foto: Freepik
Os dados trazem o número de interrupções de redes de distribuição no Brasil causadas pela ameaça do fogo à rede elétrica até abril, último mês com informações disponibilizadas pela Aneel. Os números mostram que só nos primeiros quatro meses de 2024, foram mais de 18 mil interrupções, o que já representa 38% do volume de interrupções ocorridas em 2023.
Na região Norte, ano a ano cerca de 185 mil residências ficam sem luz por por causa de queimadas que atingem a rede elétrica. Neste ano, a previsão de uma seca recorde para a região pode agravar ainda mais esse quadro.
Agora, a chegada da estação seca aumenta o perigo para a rede elétrica. De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), só o Amazonas teve mais de oitocentos focos de queimadas em apenas uma semana, entre os dias 14 e 20 de julho, o que representa um aumento de 344% sobre o número de ocorrências no mesmo período do ano passado.
"Vemos que julho está sendo especialmente quente na região Norte, que tem quatro das cinco cidades com maior volume de focos de calor neste mês em todo o Brasil. Essa situação é um alerta porque a baixa umidade oferece condições propícias às queimadas e incêndios e a ação dos ventos pode contribuir para propagar as chamas, agravando seus efeitos nas linhas de distribuição e transmissão de energia.", diz Marcos Madureira, presidente da Abradee.
"Ano a ano vemos um aumento de casos de interrupções na época seca, a partir dos meses de junho e julho, geralmente com o pico de ocorrências nos meses de agosto e setembro", afirma Madureira. "Essa curva de crescimento mostra que a situação ainda deve se agravar este ano. Por isso é muito importante que as pessoas tenham cuidado para não gerar focos de incêndio na vegetação, não soltando balões, não fazendo fogueiras, não lançando restos de cigarros acesos nas estradas, não usando o fogo para limpeza de terrenos. E sempre que identificar focos de incêndio, ligar para os telefones do Corpo de Bombeiros ou para a distribuidora de energia elétrica da sua região. Essas são medidas que fazem toda a diferença", alerta.
De 2018, início da série histórica do levantamento, até o primeiro quadrimestre de 2024, mais de 21 milhões de unidades consumidoras foram afetadas diretamente com o corte no fornecimento de energia elétrica causado pela ameaça do fogo à rede elétrica.
Tecnologia, ações preventivas e campanhas de alerta à população são recursos para combater o fogo
Para prevenir queimadas, as distribuidoras estão inserindo tecnologia no trabalho de rastreamento de riscos de incêndio nas redes de distribuição, usando inclusive drones para identificar áreas onde o acúmulo de vegetação seca perto da fiação pode significar um risco. O recurso permite que o trabalho de limpeza de faixas de domínio das redes elétricas seja mais eficiente.
Parcerias com serviços de meteorologia e órgãos públicos, como o Corpo de Bombeiros, também são essenciais para auxiliar a identificar riscos e combater os focos de incêndio, permitindo uma resposta mais rápida para evitar que o fogo se alastre.
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