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Aumento do desmatamento no Cerrado preocupa pesquisadores da UFMG que já observam impactos sobre a produtividade agrícola

  • Foto do escritor: Solano Ferreira
    Solano Ferreira
  • 11 de set. de 2024
  • 3 min de leitura

Foto: Agência Senado

A produção agrícola brasileira é extremante dependente do bioma Cerrado e os números comprovam isso. O bioma é responsável por mais de 60% da produção agrícola nacional, sendo importante para o abastecimento global de commodities agrícolas. Cerca de 16% da cana e 14% da soja produzidas em todo planeta, por exemplo, têm origem no Cerrado, o que faz com que qualquer quebra de safra aqui no Brasil desestabilize o mercado internacional desses e de outros produtos. 


Diante dessa centralidade, da crise climática global e preocupados com o crescimento do desmatamento no bioma, pesquisadores do Centro de Sensoriamento Remoto da UFMG, representados aqui por Argemiro Leite-Filho, fizeram uma série de análises sobre o impacto do desmatamento na produtividade agrícola do Cerrado. 


Dados observados indicam que a estação chuvosa agrícola sofreu um atraso significativo de mais de um mês em 2020 em comparação com 1980. A estação, que antes começava em 1º de setembro, passou a iniciar em 15 de outubro. Esse atraso reduz o período disponível para que os produtores realizem a dupla safra (plantio de soja e milho na mesma estação), impactando principalmente a segunda safra, que se estende até um período com menor incidência solar e menor volume de chuvas. 


Além do atraso no início da estação, os dados mostram uma redução de 8,6% no volume anual de chuvas no bioma entre 1980 e 2020 e um aumento de 1,5°C na temperatura. O pesquisador Argemiro Leite-Filho destaca que, embora esses números possam parecer pequenos, são alarmantes quando consideramos que a tendência é de agravamento contínuo, caso não haja um melhor equilíbrio entre a atividade agrícola e a preservação do Cerrado. 


Em suas análises, o cientista e seus parceiros separaram os efeitos das mudanças climáticas globais, causadas pelo acúmulo de gases de efeito estufa, dos efeitos locais provocados pelo desmatamento. Observou-se que, em áreas onde mais de 80% da vegetação nativa foi destruída, os atrasos no início da estação chuvosa e a redução das chuvas durante a primeira e a segunda safra são muito mais frequentes do que em áreas onde a porcentagem de vegetação degradada é inferior a 20%. Dos 8,1 milhões de hectares cultivados em sistema de dupla safra no Cerrado, 99% enfrentam atrasos no início da estação chuvosa e 61% sofrem com a redução no volume de chuvas. 


"Os riscos climáticos para a agricultura no Cerrado são muito maiores em áreas que estão mais desmatadas", salienta o pesquisador. "Nós desenvolvemos uma metodologia que retira o efeito do avanço tecnológico nas produtividades. O agronegócio costuma afirmar que sua produtividade tem aumentado e isso, apesar de ser verdade, não é uma verdade completa. O aumento da produtividade está sendo impulsionado principalmente pelo avanço tecnológico, como adoção da irrigação, melhoramento genético, práticas de manejo, etc. Quando retiramos o efeito da tecnologia, e isolamos o efeito do clima na produtividade, provamos que a frequência da queda de produtividade em relação à expectativa dos produtores, vem aumentando nos últimos anos." 


Os pesquisadores ainda alertam que o crédito agrícola pode estar sendo utilizado para o desmatamento em propriedades do Cerado. Entre os imóveis passíveis de receberem o benefício, existiam evidências de desmatamento em 16% antes de receberem o crédito. Após o recebimento, a porcentagem de propriedades com evidências de desmatamento subiu para 26%. "Isso nos leva a questionar quais estão sendo os critérios para a concessão do crédito", completa Argemiro

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