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Foto do escritorSolano Ferreira

Aquecimento global ameaça aves da Antártica: o alerta de quem esteve 15 vezes no continente gelado

Antártica
Registro mostra degelo na Antártica. Foto: Cesar Rodrigo dos Santos

O impacto do aquecimento global nas aves da Antártica tem se mostrado cada vez mais perigoso, já que elas são bioindicadoras de qualidade ambiental no local em que vivem. O alerta é do biólogo Cesar Rodrigo dos Santos, que realizou 15 expedições ao continente gelado. A redução de algumas espécies de pinguins é uma das principais evidências desse desequilíbrio ambiental. Um dos fatores críticos é a diminuição do krill, pequeno crustáceo que serve de base para a cadeia alimentar da região. A redução do gelo marinho, essencial para o ciclo reprodutivo do krill, tem causado escassez de alimento para diversas espécies, incluindo pinguins, focas, baleias e aves marinhas, como a Sterna.

O biólogo traz em seu recém-lançado livro, "Expedições Antárticas", cerca de 300 imagens autorais feitas por ele durante as vezes em que esteve no continente. "Os pinguins estão tendo que buscar alimento cada vez mais longe, o que gera desgaste físico e compromete a alimentação dos filhotes", explica Cesar. 


A obra é também uma reflexão sobre a fusão entre a biologia e a fotografia, pois uniu o conhecimento científico de Santos com seu talento atrás das lentes, criando uma narrativa visual que retrata desde paisagens gélidas até detalhes da vida selvagem local. 


Redução do krill preocupa


A redução na quantidade de krill disponível, associada a eventos climáticos extremos, como nevascas fora de época, também prejudica a reprodução das aves. O biólogo relata que, em uma de suas expedições, uma nevasca no verão cobriu os pinguins em seus ninhos. Quando a neve derreteu, muitos ovos ficaram encharcados, resultando em perdas significativas de filhotes. 


Desde 1980, a região estudada pelas equipes de pesquisa antárticas tem registrado uma redução contínua das populações de pinguins, acompanhada por um aumento de aves predadoras como as skuas, que se alimentam de ovos e filhotes. A combinação de mudanças no clima, com o derretimento acelerado das geleiras e a formação de icebergs gigantes, agrava a situação. "Na periferia da Antártica, o impacto é visível a cada ano, com grandes blocos de gelo derretendo e rios surgindo onde antes só havia gelo", afirma o especialista.

O desequilíbrio gerado pela queima de combustíveis fósseis, que libera dióxido de carbono em grandes quantidades na atmosfera, tem acelerado o aquecimento global, afetando diretamente a Antártica. Cesar faz uma comparação contundente: "Todo o carbono que uma árvore remove do ambiente em 50 anos é liberado em poucas horas durante uma queimada, e estamos liberando petróleo que demorou milhões de anos para se formar". 


Tecnologia pode ser a solução


Apesar do cenário alarmante, o biólogo acredita que ainda há tempo para reverter essa realidade, destacando o potencial das energias renováveis. "Temos a tecnologia para mudar o rumo da história, com formas limpas de energia disponíveis para todos. Não faz sentido termos tecnologia para fabricar armas sofisticadas e não usarmos nosso conhecimento para resolver a crise energética". 


A mensagem de Cesar é clara: a ação humana pode tanto destruir quanto salvar o planeta. A Antártica, com seu ecossistema delicado e diretamente afetado pelo aquecimento global, é um reflexo da urgência em repensarmos o impacto das atividades humanas sobre o meio ambiente. 


O projeto do livro "Expedições Antárticas", de Cesar Rodrigo dos Santos (PRONAC 193467) conta com patrocínio master da Ventos do Sul, patrocínio da TFL do Brasil, Tramonto Jeep, Baldo, Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul - BRDE, copatrocínio da Courovale, Halo Origem e Calçados Karyby, apoio da Marinha do Brasil e Realização da Simples Assim e Ministério da Cultura, Governo Federal: União e Reconstrução, por meio da Lei de Incentivo à Cultura.







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